Pelo Mundo
Denúncia de promotor achado morto foi tornada pública pela justiça argentina
A denúncia feita pelo promotor argentino Alberto Nisman, encontrado morto em seu apartamento no último domingo (18), foi disponibilizada pelo Centro de Informação Judicial da Argentina na noite desta terça-feira (20). No processo, que tem 290 páginas, o promotor acusa a presidente Cristina Kirchner e outros membros do governo de encobrir a participação do Irã em um atentado a uma organização israelita que deixou 85 mortos em 1994.
Na denúncia, Nisman garantiu que Cristina “não somente foi quem decidiu a articulação deste plano criminoso de impunidade e se valeu de diferentes atores para levar adiante sua execução”. Nisman também acusou a presidente de liderar “a campanha discursiva e midiática necessária para camuflar a execução do delito”.
De acordo com Nisman, o chanceler Héctor Timerman foi “o principal instrumentador do plano de impunidade idealizado” e “transmitiu ao Irã a decisão do governo argentino de abandonar a reivindicação de justiça pelo caso Amia”, segundo o documento.
No processo, Nisman sustentou que o memorando de entendimento com o Irã aparece como “a peça central do plano de impunidade” supostamente idealizado pelas autoridades argentinas. Para o procurador, os funcionários “agiram com um único propósito”, o de “conseguir a impunidade” dos acusados iranianos para poder “estabelecer plenas relações comerciais” com o Irã. “A presidente entendeu que o petróleo iraniano teria a capacidade de aliviar a severa crise energética que o país vem atravessando”, destacou Nisman.
Nesse contexto, o principal interesse de Teerã para assinar o acordo seria “o fim das notificações vermelhas da Interpol” que pesam sobre os iranianos acusados. “Timerman não cumpriu, não porque não quisesse, mas porque a Interpol o impediu”, afirmou Nisman na denúncia.
