A audiência pública que discutiu os impactos da privatização da Chesf, ocorrida na quarta-feira (8), no Centro Cultural da Câmara Municipal de Salvador, foi marcada por argumentos e depoimentos contrários à mudança proposta pelo governo federal.
Com a presença dos deputados estaduais Maria del Carmen (PT) e Zó (PCdoB), funcionários e ex-funcionários da Chesf, sindicatos, ribeirinhos, trabalhadores de energia da Bahia e do Nordeste, a audiência discutiu as consequências que a população nordestina irá sofrer com a privatização da Companhia, a exemplo do aumento das contas de energia, o desmantelamento do programa Luz para Todos, iniciado no governo Lula, e a possibilidade da população não ter mais acesso à utilização das águas do Rio São Francisco, perdendo desas forma fonte de renda e de consumo.
Solicitante da audiência pela Comissão de Desenvolvimento Econômico e Turismo da Câmara, a vereadora Marta Rodrigues (PT) pontuou que a privatização coloca em jogo o papel do Estado e em risco diversas conquistas por direitos sociais e universais. “A Chesf é responsável em controlar a vazão das águas do Rio São Francisco. O rio é de extrema importância para a economia da região, uma vez que suas águas servem para geração de energia e de renda, com a irrigação, a pesca, o transporte e o consumo humano. Privatizar, é acabar com tudo isso e deixar o povo sem condições dignas de sobrevivência”, ressaltou.
Ex-diretor de operações da Chesf, Mozart Bandeira afirmou que defender a Companhia é defender a soberania nacional, tendo em vista que ela existe há mais de 40 anos com ótimos resultados para o Brasil. “A Chesf tem 20 mil quilômetros de linha, é a maior geradora em potência, sem contar a Itaipu. O setor elétrico tem que buscar energia de outras fontes, privatizar a Chesf é privatizar também a água”, destacou.
Para Bandeira, a proposta de privatização considera a energia elétrica como uma mercadoria regulada pelo mercado, no lugar de um bem e serviço público, concedido e fiscalizado pelo estado. “O resultado dessa mudança vai significa aumento real de energia, risco de crescente do déficit de abastecimento”, considerou.
A audiência foi intercalada com apresentações musicais de Lau da Flauta, ribeirinho e poeta de Paulo Afonso, e Paulo Sampaio, ribeirinho de Xique-Xique. presidente da Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU), Paulo de Tarso, frisou a necessidade de informar à população, principalmente a urbana, dos riscos apresentados por essa proposta, para que o movimento contra a privatização ganhe mais força. “Temos feitos audiências e ações jurídicas em todo o país. Estamos vivendo um momento de convulsão social, o governo Temer está vendendo o patrimônio para fazer ajuste fiscal. E depois? Nossos filhos e nossos netos ficarão subordinados ao mercado. Essa é a fatura do governo atual para o golpe”.
Na opinião do presidente da Confederação, a população precisa ficar atenta àqueles deputados e senadores que votarem favorável a privatização e marcar os rostos deles, para que não conquistem votos nas próximas eleições.
Membro do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Moises Borges, o setor privado irá pedir empréstimo ao BNDES para comprar a Eletrobras, mas o empréstimo quem irá pagar será o povo brasileiro. “Eles não vão pagar porque não vai sair do bolso deles, vai sair do bolso da gente, com o abusivo aumento de energia que virá”, explicitou. Já a deputada Maria del Carmen (PT) ressaltou que o governo federal está cometendo um crime de lesa pátria. “O governo está permitindo a venda de empresas públicas de forma escancarada. Precisamos conquistar o povo e convence-lo de que isso não pode acontecer. Temos obrigação de estar na luta para garantir que a Chesf continue sendo do povo brasileiro”.
Participaram da audiência também o presidente da Central única dos Trabalhadores (CUT), Cedro Silva, José Gomes Filho, representante da Federação Regional dos Urbanitários do Nordeste (Frune); e Rafael dos Santos Oliveira, representante do Sindicato dos Eletricitários da Bahia (Sinergia).
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